Por Daniela Chiaretti, Cristiane Bonfanti e Rafael Bitencourt – Valor Econômico

18/03/2018 – 17:50

BRASÍLIA – O mundo enfrentará uma lacuna de 40% no abastecimento de água até 2030. O acesso inadequado à água e saneamento custam US$ 323 bilhões anuais à economia global.

Quase dois terços dos maiores aquíferos do mundo já estão sendo exauridos. A agricultura usa 70% da água disponível globalmente e mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso a água potável.

Os desafios da água se traduzem diretamente nos negócios. Crises hídricas locais têm efeitos na economia global – uma seca no Brasil pode impactar os preços dos alimentos na Europa.

Esses dados fazem parte de um guia para CEOs elaborado pelo WBCSD, a sigla em inglês para o fórum mundial de empresas que reúne cerca de 200 grandes grupos.

No Brasil, é representado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com 60 grandes conglomerados.

No “Guia do CEO sobre água – Construindo negócios resilientes”, que será lançado hoje no Fórum Mundial da Água, lê-se que “a água deveria ser uma prioridade nas salas de reunião de todas as empresas do mundo”.

O trabalho cita as previsões do Banco Mundial que estimam que, nas próximas três décadas, o sistema mundial de alimentos irá precisar de 40% a 50% mais água. Ao mesmo tempo, a demanda urbana e industrial irá aumentar entre 50% e 70% e a para produção de energia, 85%. “Essa disputa só vai se acirrar”, iforma o prefácio.

O guia cita exemplos, em todo o mundo, de perdas que a economia e as empresas tiveram diante de dificuldades com água. No Brasil, a seca de 2015 elevou os custos de água em mais de US$ 2 milhões. O preço da água cobrado das instalações de produção da Kellog no México cresceu 300% desde 2012.

O caso da Coca Cola, que teve que abandonar o plano de construir uma unidade estimada em US$ 81 milhões na Índia é famoso: os agricultores locais temiam que a empresa causasse uma queda nos níveis do lençol freático. O estudo lista esforços de empresas no Brasil. A Braskem, por exemplo, conseguiu um índice de 97% no reuso de água na região do ABC, em São Paulo. Cita também a AMA, negócio social da Ambev, com projetos no semiárido que permite a 6.600 moradores de nove comunidades rurais terem acesso a água.